Mentiras, Ladainhas & Afins

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Local: São Paulo, SP

JURO CÁ ENCONTRARÁ somente meias-verdades, histórias da carochinha e mentiras inteiras, com “M” maiúsculo.E deixo claro desde já que caso, por ventura, quaisquer dos fatos de fundamento duvidoso cá relatados – ou seja, TODOS, asseguro – se assemelharem com a verdade, ou a descrição de algum dos personagens lhe pareça familiar a esse político, aquele papa ou à senhora sua mãe: Isso é fruto da sua criativa imaginação, a carapuça serve a quem quiser. Por mais verdadeiro que o relato for, em algum ponto, pessoa ou nome tem o meu bedelho ou para no futuro não ser incomodado pela justiça ou pura e simplesmente para deixar a história/estória (a escolha vai da inocência de cada um) mais interessante. Assim sendo, é favor não me processar caso incomodados, não tenho grana para pagar indenização muito menos direitos por uso de imagem, e será a sua palavra contra a minha, e a minha, como já disse mas repito: É que é tudo ladainha! Tácio.Oliveira - O.Mentiroso

13.2.07

NA TOURADA

FAMÍLIA BRASILEIRA DE férias pela Europa: estavam presentes o Pai, a Mãe, Filho, Filha, Tia Gorda e uma Prima-Que-Morava-Por-Lá e estava servindo de guia para o passeio.

Espanha – depois de passarem por Portugal e às vésperas de irem para a França –, a Tia Gorda queria ir à tourada “Visitar a Espanha e não ir a uma tourada é o mesmo que não visitar a Espanha, ora”. O Pai, no carro alugado, levou a família à tourada, mas aguardou dormindo no carro porque “Não quero ver diabo de boi nenhum”.

- Não está ansiosa Filha, meu anjo? – disse, esfregando as mãos, a Tia Gorda à Filha que não fez esforço algum em demonstrar satisfação. – Vamos à tourada, OLÉ! – arriscou ainda uma corajosa Tia Gorda recebendo olhares reprovadores da Filha. “Me mata de vergonha” – pensou a menina.

Foram à bilheteria, ingressos comprados “Quanto custou, mãe? Quanto custou, hã?” “Não interessa, moleque, mania de controlar o preço das coisas... Entre e aproveite, OLÉ!” – disse em tom educador a Mãe.

Estavam acomodados na arquibancada, não obrigatoriamente nesta ordem, mas é com eu imagino: a Mãe e a Tia Gorda, conversando, ao lado – com ar pensativo – a Prima-Que-Morava-Por-Lá e em seguida Filho e Filha.

Ao lado deles espanhóis ansiosos acompanhados de suas crianças, o programa era familiar.

- Mãe, Tia Gorda – começou a Prima-Que-Morava-Por-Lá depois de muito pensar – eu to achando que isso não é simplesmente uma tourada...

- Como não, minha flor? Perguntou a Tia Gorda

- ... Eu to achando que nesta tourada matam o touro!!!

- Ora, não seja tola, diga a essa tola para não ser tola, Mãe, diga! Tia Gorda se dirigindo à Mãe. No que se defende a Prima-Que-Morava-Por-Lá:

- Como tola? Eu estava vendo lá embaixo aquelas lanças todas cheias de laçarotes e fitilhos, elas servem para ENFIAR no boi.

- NÃO SÃO SÓ ENFEITES??? - assustada, a Mãe.

- Creio que não!

- Vá lá perguntar àquele moço ali,vá! Ela foi:

- Senhor, por favor...é... bom... então, poderia me informar se nesta tourada que vamos assistir, bem, poderia me informar se o boi morre?

- Se o toureiro não morrer antes, hehe!

- Ah, sim, claro... se ele não morrer, he he!!! Para as tias (Mãe e Tia Gorda): “Eu paguei um grandessíssimo de um mico, sabe o que o infeliz me disse? Sabe o que ele me disse? ‘Se o toureiro não morrer antes...’” “Valha-me Nossa Senhora” – disseram as duas em uníssono enquanto o Filho e a Filha esquecidos ao canto discutiam sem nem fazer idéia do que os aguardava.

Entra o Toureiro, altivo, capa no ombro, cumprimenta a platéia (e esta nem tchum) mais uns segundos anunciam a entrada do Touro, ele entra sem cumprimentar ninguém, mal educado, negro, a platéia vibra receptiva. Torciam para o touro, perceberam as únicas três com cara de pavor na platéia.

O Toureiro se aproxima raspando o pé no chão, qual o Touro não outra extremidade, rodopia, dança, o Touro corre, baixa a cabeça, Toureiro prepara a pose, capa frente ao corpo, o Touro passa, Toureiro rodopia bailarino e cai sem arranhões no chão. Puxa uma lança, provoca o Touro, o Touro vem, corre o Touro, Toureiro prepara a capa, posiciona a lança atrás da capa, Touro passa, tira-se a capa, espeta-se a lança, sangue, platéia vibra. Agora já são 5 assustados na arquibancada. “SAIU SANGUE DO BOI, MÃE” disse a Filha (começando a chorar), enquanto o Filho, viril, agüentava firme apenas de olhos arregalados já na terceira lança que entrava no bovino. Sangue pelo chão, o boi já meio cambaleante, mas forte, corria firme, o toureiro prepara a lança final (na cabeça do boi), a Filha chora, a Mãe entende o objetivo “Vamos embora” pega a Filha no colo e pega na mão do Filho, avistando já lá na frente a silhueta da Tia Gorda, correndo, e da Prima-Que-Morava-Por-Lá acompanhando o ritmo da primeira, “Vamos, Filho! Vamos rápido” “Eu vou ficar” “Vai ficar que nada, nós temos que ir, AGORA” “Você PAGOU por isso, vou ver!” “Olha o seu estado, ta tremendo, olha sua irmã chorando” puxou-o pela mão e arrastado ele começou também a chorar enquanto dirigiam-se ao carro.

Entraram no carro, o pai acordou com os choros: “E então, como foi? OLÉEE” perguntou, educado.

“Eu tinha dito que matavam o boi, eu tinha dito que matavam o boi”
“Mas eu não sabia, eu era obrigada a saber?”
“Você pagou por isso, a Mãe pagou por isso, tínhamos que ver”

“Fica quietinho e toca pro Hotel, Pai, vamos...” – terminou a mãe, ao seu lado no banco passageiro, disposta a não comer carne bovina por um bom tempo...

Tácio.Oliveira - O.Mentiroso

Ps- Obrigado pelos comentários, todos eles são respondidos na própria página de comentários...
**Sempre que possível uma mentira nova**

2.2.07

Aviso de ante-mão para o texto que segue não ser lido caso você seja evangélico, casto, pudico, um padre – ou coisa que o valha – ou for meu pai ou minha mãe que viajaram enquanto eu me inspirava para o texto abaixo. Grato
REFORMANDO O QUARTO
SEI QUE O COMBINADO era eu postar todas as sextas-feiras, sei disso! Mas bom, aproveitando o clima do blog, já começar com essa mentira não faria mal algum, faria? Como puderam ver (quem viu) eu não postei, mas explico:Eu estava reformando o meu quarto.
Aviso aos amigos, a reforma não é visível, nem eu sabia que eu estava reformando. Acordei um dia e estava lá, tudo novo, nítido, mas invisível! Explico de novo:
Recebi visita, dessas que a gente recebe quando não tem ninguém em casa. Entramos no quarto, deitamos na cama, colocamos um DVD, os corpos se uniram, as roupas caíram, o filme corria, as línguas e os sexos se tocavam amassando meu lençol. Entrelaçados, levantávamos, encostávamos na parede/guarda-roupa/mesa, íamos ao chão, voltávamos pra cama, voltávamos pro chão até que, parados num canto sentados, cansados, olho no olho, respiração conjunta, compassada, forte abraço e um filme rolando já na metade, sorrimos.
Depois do banho tomado, já com o filme terminado sem ter sido visto, desligou-se a TV, a luz, desligou-se os pensamentos irritados com o cachorro que não parava de latir no quintal, desligou-se tudo para minha visita dormir em meus braços.
O sol nasceu e a visita foi embora, me deixando sozinho na casa ainda sem ninguém, adormeci de novo, só sendo acordado pelo barulho que meus pais faziam entrando na casa, desfazendo as malas, chamando por mim. Levantei, olhei ao redor, vi a cama cúmplice da minha noite, a parede em que encostamos, o canto em que ficamos sentados nos olhando e percebi que tudo era novo, cada metro quadrado tinha uma história, um suspiro, um abraço, cada canto estava impregnado pela noite que passou e em meio aos flashes de memória que me tomavam apreciei a reforma feita, tendo tudo reformado: parede, cama, quarto, coração...

Tácio.Oliveira - O.Mentiroso

**Toda sexta-feira uma mentira nova (ou não)**